Apicultura: Mel albicastrense com prata em
Itália

Depois da Península Ibérica, o mel de Filipa Almeida esteve em destaque num concurso mundial em Itália. Para Portugal vieram duas medalhas.

A empresa albicastrense Apijardins conquistou na competição International Taste Awards 2020 duas medalhas de prata para Portugal e para a região de Castelo Branco. Depois do prémio de melhor mel ibérico monofloral de rosmaninho com que foi distinguida em 2018, em concurso a nível da Península Ibérica, um mel da sua produção voltou a ser distinguido, desta feita em Itália.

Segundo revelou no passado sábado, dia 1, ao Reconquista a apicultora Filipa Almeida, “desta feita estiveram a concurso 600 produtos de mais de 30 países”, o que destaca ainda mais o resultado alcançado. “Mais de centena e meia de juízes (provadores, assessores, sommeliers, especialistas gastronómicos, jornalistas, gourmets, operadores de negócios e compradores) avaliaram de forma séria, pontual e precisa os produtos pontuando à centésima o seu nível de qualidade”, explica a mesma responsável, acrescentando que “depois de todas as fases de prova e teste dos juízes, foram cruzados cerca de 12 mil painéis de avaliação para chegarem a um veredicto final”.

Para a categoria do mel, aquela em que a Apijardins de Filipa Almeida concorria, a medalha de ouro foi para a Grécia – OrganicBeez, Mel de Tomilho (Pontuação 92/100); cabendo duas medalhas de prata a Portugal, pelo Mel de Rosmaninho Apijardins (88/100) e pelo Mel Multifloral Apijardins (82/100). A Apijardins, tal como o Reconquista também já teve oportunidade de noticiar em primeira mão, “nasceu em 2013 no concelho de Castelo Branco e foi fundada por Filipa Almeida, onde é gerente, arquiteta paisagista e apicultora profissional”.

Tem como inspiração, como a própria não se cansa de frisar, “a recuperação de áreas degradadas em espaços de regeneração natural da vegetação autóctone, reconvertendo áreas abandonadas, através da aplicação de técnicas de recuperação paisagística e promoção da sucessão ecológica natural, em áreas de pasto natural para as abelhas e instalação de apiários perfeitamente integrados na paisagem, demonstrando que arquitetura paisagista e apicultura podem-se complementar e influenciar reciprocamente de forma positiva”.

A Apijardins reúne deste modo, como reitera Filipa Almeida, “o gosto pelas duas atividades e a sua atuação integra os conhecimentos de ambas, no sentido de as valorizar mutuamente”. “O aproveitamento, a conservação e a valorização da flora apícola (gestão ativa da paisagem) e o acompanhamento das colónias de forma ecologicamente sustentável, permitem a produção de um Mel Monofloral de Rosmaninho único e agora reconhecido mundialmente”, como refere com orgulho.

Quando em outubro de 2018 Filipa Almeida abriu as portas da sua empresa e dos apiários ao Reconquista e mostrou como nos arredores da cidade, a um quarto de hora do centro da capital de distrito, o mergulho no silêncio do campo é total e os aromas a rosmaninho e a urze despontam com naturalidade, tinha acabado de ver consagrado o seu mel em termos ibéricos. A certificação tinha lhe sido dada pelos Laboratórios APINEVADA e Pajuelo Consultores, reconhecidos internacionalmente. Ela própria lembrava a forma como ia cuidando dos matos e dos arbustos, selecionando-os. “Dá muito trabalho, mas vale a pena”, como registava nessa época. O zumbir das abelhas e o chilrear dos pássaros são apenas a música de fundo que completa esta harmonia em que vive e o mel traz-lhe o retorno financeiro com que orienta a vida.

Confessa que “ser apicultor profissional não é nada fácil. Quem o quiser ser tem de ser polivalente, aprender a fazer de tudo o que a profissão implica, tem de gostar de aprender, saber biologia, botânica, química, gestão… gostar de ler, ser curioso, saber vender e saber comprar”. “É uma profissão que, com poucas colmeias, não dá muita margem financeira, mas dá independência de caráter e liberdade”, referia com orgulho. “Viver só dela é possível, mas sempre consciente de que se tem de resistir a todas as adversidades e desafios, a tempo inteiro… e isso só por amor”, conclui.